Quem anda pela Paulista pode encontrar um dia um cara que vende seus próprios livros. O nome dele é Ricardo Carlaccio. Um dia um colega me emprestou um de seus livretos, o Blues Escarlate. Na ocasião o que tinha me deixado muito surpreso fora a apresentação, por Adriano Lima:
A angústia e o desequilíbrio são a entrada para este campo onde a vida arde e esgota-se no seu próprio estrago. Saber negociar o último trago para garantir o próximo é, para o autor, afirmar pelo sofrimento a inocência agressiva e cínica que o sucesso é incapaz de suportar: a força libertadora da dor, descida contínua para o além do cansaço, recusa dos estável e do permanente e avanço da fome destruidora. A realidade do mundo é vampirizada pela aposta do vencedor, mas quando o vencido aceita o golpe imposto pelo vencedor, é a sua presença o aborto de todas as regras, a derrota do universo. O fracasso é a usina de força que cede o inferno as armas de seus heróis. Assim, a moral desta estória será aquilo que o leitor conseguir extrapolar para sua realidade particular, este leitor doce que se descobre por trás das leituras amargas, humoradas e duras, os punhos cerrados e erguidos dentro da escuridão.
Entendeu? Não? Se o prefácio é assim, imagine o livro!